No meu curso de Letras fiquei chocado com a prepotência e arrogância de alguns alunos. Eles acreditavam que sabiam e tinham lido mais do que alguns professores. Eram um bando de jovens (a maioria ainda adolescentes) que tinham lido (muito mal, na maioria das vezes) meia dúzia de clássicos (se tanto). Achavam-se intelectuais por cursarem letras e serem aspirantes a escritores (alguns fazendo oficinas com escritores medíocres, que elogiam qualquer porcaria escrita por eles). Isso é um ultraje à cultura. O estudante de Letras deve ser o mais humilde e saber reconhecer a sua ignorância. Ninguém, hoje em dia, tem a capacidade, tempo ou condições de ler tudo. Lemos somente uma parte do que nos é possível. Há uma série de lacunas na nossa formação literária. Por exemplo: quem leu tudo de Sêneca, Plauto, Terêncio, Ovídio, Virgílio ou Catulo? Se alguém leu, provavelmente não leu tudo de Musset, Camus, Calvino, Borges ou Guimarães Rosa. As nossas leituras são desordenadas e incompletas. Reconhecendo isso, chega-se a mesma conclusão de Sócrates: "só sei que nada sei."
domingo, 26 de agosto de 2007
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